A Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei Federal nº 3.239/99),
baseada nos princípios da descentralização e da participação,
instituiu a bacia hidrográfica como unidade de gestão. Para gerenciar o uso dos recursos hídricos, foram criados os comitês
de bacias hidrográficas (CBHs). Como instância-base nessa
nova forma de fazer política, os comitês descentralizam várias
decisões por bacia hidrográfica, contando com a participação
dos poderes públicos (União, estados e municípios, conforme a
abrangência da bacia), dos usuários das águas e das organizações da sociedade civil ligadas a recursos hídricos. Na prática, o
comitê define as regras seguidas com relação ao uso da água,
emite pareceres, estabelece resoluções e toma decisões. Chamado de “parlamento das águas”, o Comitê de Bacia é uma ferramenta em prol da democratização das relações políticas. Como
tal, aumenta a legitimidade das decisões tomadas e contribui
para a maior eficácia das políticas públicas implementadas.
Para que a gestão da água seja, de fato, democrática, são essenciais a mobilização e a participação da população e de todos os envolvidos no processo de decisão e de atuação sobre o
território. Mas só isso não basta. É necessário também que os
cidadãos estejam fortalecidos e engajados no desempenho de
seus papéis. É nessa hora que a Educação Ambiental se revela
fundamental, pois desenvolve ações que preparam os diferentes atores para atuarem nos processos decisórios, instrumentalizando-os para o efetivo controle público, com base no empoderamento, na soberania popular, na construção coletiva e
no diálogo entre as várias partes envolvidas.
Toda a complexidade relacionada aos limites das bacias hidrográficas permite que as ações educativas dialoguem com temas como
pobreza, saúde, ocupação do território, enchentes, poluição das
águas e dos solos e a mudança climática, entre outros. Num projeto que pretenda seguir a vertente da Educação Ambiental crítica, tais
temas devem ser trabalhados de maneira que desencadeiem um
processo de transformação da realidade, estimulando a reflexão e a
participação coletiva no enfrentamento e mitigação dos problemas.
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