A gestão ambiental pública, por lidar com questões relacionadas ao acesso e uso dos recursos naturais, frequentemente se
torna palco de conflitos socioambientais – explícitos ou implícitos – de diferentes origens. Trabalhando com diversos interesses e visões de mundo, os órgãos ambientais têm sua atuação permeada por processos de disputa entre diferentes atores
que, às vezes, podem desembocar em conflitos explicitados. O
licenciamento ambiental, por exemplo, enfrenta situações de
contraposição de interesses que alcançam dimensões econômicas, políticas, sociais e espaciais, além das ambientais. Por
isso, o gestor público deve estar preparado para, eventualmente, lidar com esses conflitos como um mediador com foco na
construção de consensos.
Para lidar com essas disputas, é importante que o agente público
saiba que as relações de força existentes na sociedade são profundamente desiguais. O mediador também deve considerar que, na construção de possíveis consensos, alguns lados devem ser empoderados
para que o enfrentamento ganhe um caráter mais igualitário. A construção de ambientes mais justos e democráticos, portanto, passa pela
participação e fortalecimento dos setores desprivilegiados na gestão
pública, o que, fundamentalmente, depende do acesso à informação.
A Educação Ambiental tem entre suas principais funções disseminar informações a diferentes públicos. Um deles é formado por
agentes públicos que atuam na área ambiental como técnicos,
gestores e conselheiros de meio ambiente nas esferas municipal,
estadual e federal. Além de fornecer ferramentas que possibilitem
a esses agentes gerir melhor os recursos ambientais de seus territórios, a Educação Ambiental tem, ainda, o papel de fortalecer uma
cultura de maior participação social na gestão pública.
No caso dos gestores municipais, a demanda por capacitações
foi fortemente ampliada após a assinatura da Lei Complementar
nº 140/2011, que regulamenta o artigo 23 da Constituição Federal3
e, ao estabelecer normas para a cooperação entre União, estados e municípios na proteção do meio ambiente, abriu espaço
para a transferência de competências entre essas esferas. Dessa maneira, os municípios ganharam poderes também para licenciar e fiscalizar atividades de baixo e médio impacto poluidor,
o que aumentou a importância das capacitações direcionadas a
gestores e técnicos municipais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário